"Somos um dos países que mais consome antibióticos e o resultado é o crescente número de infecções por bactérias resistentes. Os casos já não estão só circunscritos a hospitais". [...]
"A propagação de bactérias resistentes a vários tipos de antibióticos já é um problema de saúde pública global e é preciso adoptar medidas urgentes de controlo, sob risco de não existir tratamento." [...]
"O uso intensivo e, muitas vezes, indiscriminado de antibióticos que se faz nas últimas décadas é, segundo o Instituto Ricardo Jorge, o factor que mais favorece a multiresistência". [...] "Tal como na teoria da evolução de Darwin, sobrevivem as bactérias mais fortes, que se reproduzem e passam essa capacidade de resistência às suas descendentes. Os antibióticos actuam em funções vitais das bactérias. «Um dos mecanismos que usam para se defender é a alteração das características do local onde esse medicamento actua», explica Maria Miragaia. «Assim, o antibiótico não vai reconhecer a característica que estava programado para reconhecer e deixa de fazer efeito. Isto pode acontecer porque as bactérias sofrem uma mutação no seu DNA- que é seleccionada como resultado da toma de um antibiótico (...)» (...) Actualmente, quase não temos antibióticos para combater as estirpes multiresistentes e (...) as infecções por bactérias que se julgavam quase extintas, como a tuberculose, voltaram com um perfil multirresistente. (...)
Os doentes devem compreender que o antibiótico não é a cura para todos os males; deve ser usado apenas em situações específicas e ser tomado correctamente."
Adaptado de ACTIVA, nº 241, Dezembro 2010.