Blogue no âmbito da área curricular não disciplinar Área de Projecto, construído pelas alunas Ana Rita Vieira, Liliana Ramalho, Tânia Figueiredo e Vanessa Martins do 12º C da Escola Secundária c/ 3º ciclo de Albergaria-a-Velha.



17 de novembro de 2010

Como se descobriram as plantas










Os antigos acreditaram ser possível intuir as propriedades das plantas a partir das suas características. Esta ideia transformou-se já no tempo de Hipócrates (séc. V a.C.) na chamada "teoria dos sinais". O próprio Dioscórides foi um dos seus fervorosos defensores. Também Paracelso, ilustre médico e naturalista suíço do século XVI, dizia assim: "Todo o vegetal está assinalado pela natureza; e é bom para aquilo que nos é indicado pelo seu sinal".

A teoria dos sinais

À semelhança de muitos dos seus contemporâneos, o médico espanhol do século XVI Andrés de Laguna, tradutor da Matéria Médica de Dioscórides, acreditava que a tarefa do homem consistia em descobrir os sinais que o Criador tinha deixado nas plantas, como forma de decifrar as suas virtudes. Outros eminentes botânicos e médicos também aceitavam esta teoria dos sinais durante mais de dois mil anos. Actualmente parece-nos uma anedota histórica sem o mínimo rigor científico. No entanto, é curioso observar como algumas das suas proposições se puderam comprovar cientificamente. Por exemplo:
-as nozes são boas para o cérebro, pois contêm abundante fósforo e ácidos gordos insaturados. O interior das nozes mostra uma grande semelhança com a superfície do cérebro.
-a aristolóquia contém um alcalóide de acção ocitócica, que contrai o útero e facilitar o parto. As suas flores lembram os órgãos genitais femininos (internos e externos).
-as folhas de laranjeira são sedativas e benéficas para os doentes cardíacos. As folhas apresentam um coração na base e por isso são benéficas para muitas cardiopatias.
-o golfão é indicado para "esfriar" os instintos sexuais, servindo como anafrodisíaco. Esta planta nasce em lugares frios e possui flores de cor branca, simbolizando a virgindade.
-a pulmonária serve para tratar afecções respiratórias, actuando como suavizante para as mucosas respiratórias e como expectorante. As folhas lembram a forma de um pulmão.
-o meimendro negro tem  propriedades analgégicas e narcóticas, sendo especialmente recomendado para combater dores de dentes. Os seus frutos lembram uma peça dentária, em que o cálice seriam as raízes dentárias.
É claro que também há muitos casos em que a teoria dos sinais falha, por mais atraente e sugestiva que possa parecer. Poer exemplo:
-as sementes da rosa-canina não servem para tratar os cálculos urinários, apesar da sua semelhança com eles. Também não serve para curar mordeduras de cães, apesar dos seus ramos lembrarem a queixada de um cão.
-as folhas-dos-prados não curam as cataratas, apesar da sua mancha branca que lembra o halo duma catarata ocular.
-os figos não servem para tratar casos de hemorróidas, apesar da sua semelhança com elas.

Actualmente, os enormes progressos da investigação química e farmacêutica tornam desnecessário recorrer à intuição ou à tradição, como acontecia antigamente com a teoria dos sinais. 

Adaptado de :ROGER, Jorge D. Pamplona, (1996), "A Saúde pelas Plantas Medicinais" - Enciclopédia de Educação e Saúde, Vol. 1, Editoral Safeliz